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Mostrando postagens de novembro, 2009

Um olhar sobre xamanismo

Entre os muitos elementos existentes nas culturas indígenas poderíamos dizer que um fenômeno em particular mereceu a atenção dos antropólogos, fenômeno este que denominamos Xamanismo. A presença do xamanismo nos estudos antropológicos merece tanta atenção quanto os estudos de parentesco e foi exatamente isso o que aconteceu. Para compreendermos como se deu esse resgate, o texto de E. Jean Matteson Langdon, em Irtrodução: xamanismo – velhas e novas perspectivas, dá-nos uma grande contribuição. Poderíamos iniciar este texto afirmando que o fenômeno do xamanismo é conhecido, no Brasil, como pajelança e se tornou um desafio para a antropologia. Ao torna-se um desafio forçou a antropologia a elaborar novos modelos teóricos para poder compreender o seu movimento. Os estudos do xamanismo expandiram-se para outras áreas, e entre estas áreas esta aquela que fazia parte do que se denominava como “nova consciência religiosa”. Se, por um lado, há um alargamento em pesquisas voltadas para o xaman

Guatá ypy: Curso de Tupi Antigo / 02

Anauê, Xe irũ gûê! Trad: “Olá, meus amigos!” Já tivemos a primeira aula, na Lição I aprendemos a pronúncia (treinaram aquela vogal central média, o ‘y’ difícil?) e na Lição II aprendemos a construir frase da primeira conjugação. Aquelas que precisam do Verbo SER ou Estar, mas que não existe em tupi. Vamos ver se vocês estão mesmo afiados. Eita, pessoal, eu esqueci dizer a vocês que quando se trata de uma frase na terceira pessoa “a’e”, a construção ficará = nome+i+ adjetivo. Como, por exemplo, em gûyrá i pirang = o pássaro é vermelho. Isso acontece porque como não existe o verbo ser e estar, já tô careca de dizer isso, o tupi gera uma espécie de objeto pleonástico, repetindo, assim, o pronome ‘ele’. Literalmente seria assim: o pássaro, ele vermelho. Mas lembre-se de utilizar o “i” apenas diante de adjetivos. Com os pronomes não precisa usá-lo. Agora, traduzem pra mim: Itá i Porang..................................................... Pituna i ro’y.................................

Sobre a Arte e a sua natureza artística.

Hoje a arte se tornou tão presente em nosso cotidiano que fica difícil compreender o que de fato é a arte ou o que se pretende dizer quando dizemos que isso é arte. Pensamos ser oportuno, logo de início, então, esclarecer, tomando de algum ponto de vista, quaisquer que sejam as áreas de conhecimento, aquilo que seria, ou entenderíamos, por arte. Para esta tarefa tomamos como diretriz de análise as idéias e os estudos de Eudoro de Sousa em seu artigo Arte e Escatologia na revista Espiral. Assim como o autor, que inicia seu texto discutindo sobre o ato de “definir”, “conceituar”, parece-nos necessário igualmente procurar definir que o seu texto trabalhará a arte no gênero e não nas espécies, caso assim fosse, poderíamos condicionar e mesmo limitar uma compreensão mais ampla daquilo que pensamos sobre a natureza da arte, como o mesmo se expressa: “...de nada lhes será dito acerca do que faz que a pintura seja pintura, a música seja música ou a arquitetura seja arquitetura, mas tão só do

Guatá Ypy: curso de Tupi Antigo / 01

Olá, pessoal do Xe mba’e! Estou fazendo estágio docente na UFAM na disciplina Introdução ao Estudo das Línguas Indígenas. E foi justamente em ter como orientador um lingüista, Dr. Prof. Frantomé B. Pacheco, que me aproximei mais da lingüística e tomei gosto pelo estudo das línguas indígenas. Como antropólogo, tive a oportunidade de compreender, entre os yanomami, povo que convivo desde 2007, aquilo que realmente é importante, e que também afirmava Geertz (1978), que no trabalho de campo com uma cultura que não é a minha, é a sua especificidade complexa e sua circunstancialidade que é fundamental. E se vocês me permitem, posso até completar ainda com as palavras de Geertz: A abordagem semiótica da cultura consiste em auxiliar o etnográfico a ganhar acesso ao mundo conceptual no qual vivem os seus sujeitos para poderem conversar com eles (1978). Traduzindo, gerar diálogo. Acredito que através da aprendizagem de uma língua é possível, a exemplo de Malinowski, alcançar o que dissera Geer

Pierre Bourdieu e a Auto-critica pós-moderna da antropologia: uma revisão sobre a concepção de objetividade e subjetividade no prisma da reflexividade na intertextualidade etnográfica.

As questões que rodeiam as pesquisas antropológicas não são poucas e nem tão simples. Entre estas questões encontramos um dilema antigo: a objetividade da antropologia, ou do pesquisador, diante do seu objeto de pesquisa. Diante de inúmeras interrogações sobre até que ponto o observador, pesquisador, pode manter-se neutro quando está em campo é que surgiram novas perspectivas sobre a direção em que a antropologia deveria seguir. Um dos pontos interessante e que despertou uma enxurrada de autores como Geertz, Paul Rabinow, James Clifford, Pierre Bourdieu, entre outros, foi a questão e a concepção da reflexividade inicialmente partindo da natureza intertextual das inúmeras etnografias e depois de uma análise direta da ação do antropólogo em atividade. Poderíamos iniciar então remetendo a obra sócio-filosófica de Pierre Bourdieu. Não podemos, entretanto, falar de sua concepção de reflexividade se antes não aludirmos que seu esforço intelectual poderia ser entendido como uma teoria das