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ARQUEOLOGIA DAS NARRATIVAS TREMEMBÉ II – A Princesa Encantada de Jericoacoara

ARQUEOLOGIA DAS NARRATIVAS TREMEMBÉ II – A Princesa Encantada de Jericoacoara Anaûé xe iru gûé! Já começamos a partilhar em posts anteriores as nossas narrativas. Na primeira narrativa contei as histórias de  Îagûatïrïka Kaí awé (O Gato-do-Mato e o Macaco)[1] e sobre  O Mito do Mokororó e Cosmovisão Tremembé: Resgatando Mitologia E Deuses Da Cultura Tremembé [2]. No post de hoje vamos abordar mais uma narrativa as quais denomino de histórias de dormir , que de certa forma, plasma a nossa cosmovisão (costumes que infelizmente tende a se acabar, ou não). Na infância aprendi sobre muitas coisas a partir das narrativas de dormir, de lobisomem a iaras, de guajaras (kaagûara) a espíritos/encosto(Awasaí), de heróis a encantados. Na narrativa de hoje vou contar uma história que escutei dos meus avós lá em Jericoacoara, em tempo (não tão distante assim) que as histórias eram narradas sobre o manto da escuridão (não tinha eletricidade na época da minha meninice. A energia chegou a Jeri p
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(Re)Descobrindo o Poromongûetá: Uma Nova Perspectiva Linguística Para O Povo Tremembé.

 Anauê xe iru gûê! Voltei depois um ano sem postar...tempos difíceis.. muitas e doloridas perdas... Neste primeiro post de 2021 do nosso blog, venho tratar de um assunto que a tempo venho pincelando neste espaço de comunicação e interação: O Poromonguetá, a língua dos Tremembé. Na segunda semana de dezembro de 2019, eu participei da VI Reunião Equatorial de Antropologia, um evento de grande porte na área de antropologia, foi em Salvador, na Bahia. Foram momentos impactantes na minha vida, tanto no aspecto indígena, como na minha vida de antropólogo. Debates importantes e salutar sobre a etnologia produzida no Norte e, principalmente, do Nordeste. Conheci pessoalmente gente que considero importante na minha formação, pois li as suas produções antropológicas e tive a oportunidade de apertar a mão e trocar uma ideias, de partilhar um pouco sobre minha trajetória de vida e da construção da minha identidade indígena. Mas, de tantos momentos importantes, sem poder equiparar o peso, senti-m

Livros: Mbo'esara Esãîã Tremembé

ESTANTE VIRTUAL DO XE MBA'E Anauê xe iru gué! Estou pondo a venda alguns dos livros que escrevi. Os livros estão em formatos PDF, que podem ser lidos no celular, notebook, desktop, etc. SOMENTE NO FORMATO PDF   Não enviamos pelos Correios porque o frete sai mais caro do qu e o livro, mas é você que manda! Desde já agradeço a compra! IDÍLICO DA ALMA DE UM PROTO-POETA imagem meramente ilustrativa, ele é bem mais fininho do que o da imagem acima! O livro será enviado ao seu e-mail cadastrado no ato da compra e será liberado após verificação do pagamento. Informações sobre o livro Titulo : Idílico da Alma de Um Proto-Poeta. Gênero : Poesia Formato : PDF Paginas : 32 Autor : Mbo'esara Esãîã Ano : 2019 Envio : e-mail Resumo : O livro é uma pequena coletânea de poesias que fala sobre a ebriedade do amor, o sentimento de saudade e do valor da amizade. O ENIGMA DE LOHAN RIOS Imagem meramente ilustrativa O li

ARQUEOLOGIA DAS NARRATIVAS TREMEMBÉ I

Îagûatïrïka Kaí awé (O Gato-do-Mato e o Macaco) Como no post anterior em que narro O Mito do Mokororó e Cosmovisão Tremembé: Resgatando Mitologia E Deuses Da Cultura Tremembé , no post de hoje vamos abordar elementos que fazem parte da nossa forma de ver o mundo e as coisas que tem nele. Dentro daquilo que poderíamos denominar de ethos Tremembé, o modo de ser da gente. As histórias de dormir, de certa forma, plasma a nossa cosmovisão (costumes que infelizmente tende a se acabar). Na infância aprendi sobre muitas coisas a partir das narrativas de dormir, de lobisomem a iaras, de guajaras (kaagûara) a espíritos/encosto(Awasaí), de heróis a encantados. Conta os mais velhos que antigamente, o mundo era habitado apenas pelos animais. Eles se casavam, brincavam, dançava Torém, tomavam mokororó. Nesse tempo os animais falavam a mesma língua e todos se compreendiam, eles ainda falam, mas na sua própria língua, na língua das suas espécies. Kaí (o macaco) era amigo de îagûatïrï

Neuropsicopedagogia, Memória e Aprendizagem: Como Aprender Bem!

  Anauê, xe iru gûe! Nesta postagem vamos abordar a aprendizagem do ponto de vista da neuropsicopedagogia. Vamos falar da memória e do processo de aprendizagem na ótica da neurociência, incluindo a memória como elemento fundamental desse processo. Nos estudos de uma pós-graduação que estou realizando em Neuropsicopedagogia, pude compreender uma dimensão do processo de aprendizagem que até então não era muito claro pra mim. Afinal como que aprendemos? Porque uns aprendem tão rápido e outros tão devagar (quando “não aprendem”, será?), porque as pessoas rotulam dizendo: este é inteligente e aquele não, ou mais dentro da nossa vida de estudante, estudo tanto e não lembro de quase nada?  google imagens Estas questões são nosso norte. É a partir desses problemas que vamos nos posicionar aqui neste post. Primeiramente, para entendermos o que se passa nesse processo de aprendizagem, precisamos entender como que funciona o cérebro no sentido mais restrito, como que é gerado es

POROMONGUETÁ: A TRAJETÓRIA DA LÍNGUA DO POVO TREMEMBÉ

Mbo’esara Esãîã Tremembé Antropólogo O presente artigo trata da trajetória do Poromonguetá, outrora falado pelo povo Tremembé, que por razões históricas, políticas e culturais foram substituído pela língua dominante, a língua portuguesa. Para isso, far-se-á o percurso feito por antropólogos, linguistas e principalmente, historiadores, dos quais, procuraremos compreender a situação monolíngue atual dos Tremembé da costa do Ceará. Palavras-chave: Poromonguetá; História; Tremembé; linguística. Ceará 1629 CONTEXTO HISTÓRICO Quando nos remetemos a trajetória histórica dos povos indígenas nos deparamos com um quadro bastante trágico que nos remetem as atrocidades de vários níveis, de genocídio ao etnocídios, de escravidão a massacres, guerras, transmissões de doenças, dentre tantos males que assolaram as populações indígenas durante este período da história. Estimativas apontam que durante o período pré-cabraliano existiam no Brasil cerca de 3 a 5 milhões de indí